Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença … o SIM transforma a vida !

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No dia 25 de outubro deu-se início a uma aventura e desafio que não estava nos meus planos: após se confirmarem os sintomas e feito o teste, passei a fazer parte do grande número de infetados. E, sendo necessário isolar-me, não tendo condições que protegessem os meus, pedi asilo ao nosso movimento, a fim de encontrar neste lugar o oásis para o deserto que iria passar. Acho que posso começar por falar da importância de um espaço que nos acolha e que neste caso não é apenas um espaço, pois trata-se de uma casa, a nossa casa, e a nossa família.

Mesmo com todos os cuidados para que ninguém ficasse infetado, apesar de o espaço a que ficamos circunscritos ser reduzido, apesar de tudo… é bom, estar em casa e em família porque cuidam de nós, preocupam-se connosco e estendem-nos a mão.

Não posso deixar de dizer que os sintomas e as consequências desses mesmos sintomas me afetaram ao longo de 10 a 15 dias: noites sem dormir, sintomas de cansaço extremo, delírios, dores musculares, tosse, tudo, e tudo afetou para que o sono se descontrolasse, o ânimo abatesse e o espírito não tivesse vontade de ver, falar ou ouvir o quer que fosse.

É certo que nesta casa do Oásis, nunca estamos sós, nunca nos deixam sós e trata-se na verdade, de um verdadeiro hospital de campanha!

Foram 21 dias em que estive fechado num quarto, tendo unicamente saído para fazer os testes e ir ao hospital; foram 21 dias em que muitas coisas se pensaram, rezaram, um verdadeiro retiro com mais intensidade que exercícios espirituais.

Passados uns dias, valeu a internet, o telemóvel, a possibilidade de ler, ver e escutar… mas, fez pensar em quem não tem estes meios, em quem não tem estas condições para isolamento: quantas pessoas sós, quantas pessoas que em casas pequenas e sem condições têm que partilhar os espaços, com o risco de infetarem os demais.

Quantos não têm a possibilidade de ter quem lhes ligue, quem lhes trate das refeições, quem vá falando para que o isolamento não seja prejudicial para a saúde mental.

Tudo isto não pode ser dito ou lido sem a luz da fé, porque esta graça que nos foi dada, foi fundamental para a vivência destes dias. Isto não quer dizer que a fé se manteve sempre firme, mas fortaleceu-se, consolidou-se e tornou-se uma chama ainda maior para iluminar outros momentos.

Queriam e pediram-me que partilhasse a vivência da doença COVID 19 e da importância da fé e do apoio da família e dos amigos, pois é isto mesmo, tudo é importante e tudo foi importante para que a doença que me infetou não me afetasse; a doença teve algo de bom, não foi só porque me fez emagrecer 8kg e me impulsionou para que nos dias seguintes até hoje, me dedicasse à cozinha para confecionar as minhas refeições.

A doença teve algo de bom que foi sentir que na fragilidade de que somos formados o poder de Deus se manifesta, e não falo na cura física.

É belo e bom descobrir e experimentar esse poder quando os outros se tornam instrumentos d’Ele para nos curar, consolar, alimentar e acarinhar.

Foi possível, e dou graças a Deus, celebrar a Eucaristia no Domingo em que celebrávamos o Dia Mundial dos Pobres, e o tema escolhido para este dia foi ‘estende a tua mão ao pobre’; nessa Eucaristia e em todas as que celebrei até hoje, agradeci todas as mãos que se estenderam, em especial a quem se arriscou para me acolher. Aqui deixo uma palavra de gratidão ao SIM da Ana, da Linda e da Birita, as quais comigo viveram esta grande aventura, e com a fé e a amizade, me ajudaram a ultrapassar este desafio.

 

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