Maria, Mãe da ternura.

Madonna greca – Catedral de Capo Rizzuto, século XIV.

Madonna greca – Catedral de Capo Rizzuto, século XIV.

Os artistas bizantinos criaram figurações nas quais transparece a ternura e o carinho maternal. Assim ocorre na Madona grega (século XIV), obra que se conserva em Isola Capo Rizzuto, junto da antiga Kroton. Trata-se de uma Eleousa, mãe da ternura. A imagem é rodeada por uma lenda para justificar a devoção. Um jovem pastor encontrou-a na beira-mar e a aldeia ficou envolvida por novo ânimo. No século XV, os prófugos cristãos bizantinos escapavam dos turcos muçulmanos e levavam as suas preciosidades, que por vezes vinham, devido a naufrágio, dar à costa.

Trata-se de uma obra de arte siríaca, segundo esquemas tardo-helenistas, resistentes na zona da Calábria. A iconografia é tipicamente bizantina: imagem frontal, bidimensional, rico gosto cromático, mas já com o vivificar das figuras do tardo-helenismo. Esta representação é acolhida no final da Idade Média. Será muito representada até ser também conhecida pelo Senhora do Perpétuo Socorro.

Embora sujeita a fortes restauros, apela ainda para essa forma criativa. A figura da mãe situa-se em fundo dourado e está envolvida por manto castanho (kaliptera), com estrela virginal sobre a cabeça. Abraça, cheia de ternura, o Menino Jesus envolvido por veste vermelha (omophorion). As atitudes das figuras, no seu doce encostar dos rostos e o entrelaçar das mãos, denotam serenidade e harmonia. Maria aponta o Salvador porque ele é o centro da história e único Salvador.

No cimo, vemos dois arcanjos: Gabriel à direita e Miguel à esquerda, sobre nuvens e de mãos postas em oração. Há um ambiente de consolação, centrada nas mãos do Menino para Maria e para toda a Igreja, em momentos atribulados, como o que vivemos.

Contemplar este ícone ajuda-nos a plasmar a mente da ternura e carinho que as figuras comunicam. A proximidade de Deus à nossa vida evoca-se nos mensageiros (anjos) e nas mensagens que recebemos e nos dão consolação interior.

Anterior
Anterior

Paixão segundo S. Mateus | J. S. Bach.

Próximo
Próximo

Joker.