Eu e o Padre Carlos éramos como pai e filha.
Tinha 16 anos quando o conheci. Passou a ser meu confessor e diretor espiritual. A sua enorme capacidade de ouvir era importantíssima, escutava sem interromper e, só depois, iluminava a vida com a Palavra de Deus e, finalmente, propunha sempre algo que ajudava no crescimento espiritual e renovação de vida.
Quando já tinha 22 anos, propôs-me fazer parte de um grupo de jovens e assim conheci o Movimento Oásis, no grupo de estudantes universitários do Porto. Neste, houve continuidade do crescimento, iniciado 6 anos antes. Também aqui, o Padre escutava, propunha sem impor, aceitava a diferença de cada um, valorizava-nos como pessoas, congregava-nos como grupo, nesta pequena comunidade de reflexão, oração e partilha. Integrava-se em todas as atividades do Movimento.
Quando já casada, eu e o Padre Carlos sonhamos formar um grupo de casais. As primeiras tentativas falharam devido à existência de filhos muito pequenos e falta de espaço adequado à nossa nova situação. Mas, por fim, inaugurou-se a casa de Ermesinde, por ele tão sonhada. Nesse mesmo dia já se falou de encontros de casais. Em breve se iniciaram. Uma nova dimensão crescia em mim e em nós, com a sua orientação.
Nós, os mais velhos, continuamos a nos reunir com ele, vivendo tão unidos que passamos a ser a sua família, como ele nos dizia. Os nossos filhos sentiam-se seus netos.
Agora deixou-nos fisicamente, mas ficará entre nós, pois os laços que se criaram permanecerão e a sua OBRA/FAMÍLIA continuará.