Sim a Cristo: faz que vivendo de Ti, trabalhando por Ti, eu me transforme em Ti.
Dando continuidade aos encontros de formação do Movimento Oásis, realizados este ano por via digital, no passado dia 21 de maio fomos presentados com uma belíssima reflexão apresentada pela Irmã Marina Santos, em torno do tema: «Sim a Cristo: faz que vivendo de Ti, trabalhando por TI, eu me transforme em Ti».
De facto, com grande clareza e profundidade, e num tom coloquial e afetivo, a Irmã Marina foi conduzindo o encontro em torno das marcas da espiritualidade do Movimento, fazendo-nos entrar num clima de interioridade e meditação. Assim, iniciou a comunicação agradecendo o convite recebido, e expressou a grande satisfação e o enriquecimento pessoal na preparação da apresentação, sublinhando que, para si, foi uma descoberta a passagem citada da oração proposta por Pe. Rotondi, a qual também a ajudou a rezar. Desse modo, começou por apontar três movimentos do Sim a Cristo, implícitos naquela oração: a vida dos sacramentos e vida da oração, na expressão “faz que vivendo de Ti”, a missão e o compromisso na passagem “trabalhando por Ti “, e a identificação com Jesus na expressão “eu me transforme em Ti”. Discorrendo sobre o tema, salientou que o “viver de Jesus” e o “trabalhar por Jesus”, conduz a um caminho de transformação cíclico, pois no seu dizer “quanto mais nos transformamos n’Ele e nos identificamos com Cristo, mais trabalhamos por Ele e mais vivemos d’Ele”. E detendo-se na expressão “vivendo de ti”, apontou para a especificidade da expressão, que se distingue do “viver com” ou do “viver por”, e nos remete para a vida de oração, de intimidade com Cristo, como o “Ar que respiramos”, como “Aquele de quem nos alimentamos” e “d’Ele vivemos”, ou deveremos aspirar a viver em intimidade, para que possa ser “o primeiro em quem pensamos no momento do nosso acordar e o último no momento do deitar”. Nesse sentido, citou a passagem de S. Paulo nos Atos dos Apóstolos (17, 28) “é n’Ele, realmente, que vivemos, nos movemos e existimos”, e foi sublinhando a profundidade da mesma, enfatizando que “enraizar o nosso coração em Cristo implica pôr nele as raízes e deixar que venha d’Ele a seiva que dá vida à ‘minha árvore’,” e como tal supõe um ato de vontade para promover e cuidar uma relação de intimidade e amizade profunda com Cristo. Nesse sentido expôs que, no seu entender, a pergunta que Jesus repete a Pedro, “Tu amas-me?” pode ser entendida do seguinte modo: “Pedro, até que ponto vives de mim?”.
Destacando que “viver de Cristo”, requer tempo dedicado para estar com Ele, “o melhor tempo”, como se propõe na sua congregação, a Irmã Marina observou que o tempo de oração deve ser programado, preparado, e apontou a importância de definir a hora, o lugar da oração, de atender à atitude/posição corporal, o que se pretende rezar, os meios/instrumentos a recorrer, entre outros aspetos. Sublinhou que deverá ser um tempo para estar a sós com Ele, numa relação de verdade, para O ouvir, para O olhar, para falar com Ele, para ser olhado, para o silêncio, para sermos chamados a estar com o coração, com as nossas fragilidades, deixando que Ele ilumine a nossa vida com a Sua palavra, a sua Luz, e defendeu que a partir desta intimidade da oração surgirão os frutos que irão levar ao trabalho, à missão, o compromisso, e a transformação em Cristo. Além disso, perspetivando que o público-alvo da sua comunicação poderia ser maioritariamente juvenil, a oradora foi discorrendo sobre diferentes aspetos a considerar na oração, entre os quais apontou, o de o orante se pôr na Presença de Deus, falar com Ele, pedir-lhe uma graça, escutar a Sua Palavra, expor alguma inquietação, e se interrogar sobre o que Ela toca a sua vida. Igualmente destacou a necessidade de, no final da oração, haver um momento de agradecimento, de reflexão, avaliação sobre o que ajudou, ou o que dificultou aquele momento de oração, uma petição, um propósito. Foi assim apontando que o “viver de Cristo” requer o ir aprofundando essa relação íntima, este conhecimento íntimo de Jesus e que a nossa oração está chamada a ser uma oração de coração a coração, que inclui o nosso entendimento, os nossos sentidos, a nossa vontade e a nossa afetividade. Ela deve levar-nos a entrar na Sua intimidade e deixar que Ele entre no nosso íntimo, para sermos cristificados, transformados N’Ele. Alertou-nos de que por vezes desanimamos e por isso o nosso “Sim a Cristo” tem de ser dito muitas vezes, porque nos distraímos e dispersamos com muita frequência e o nosso coração se descentra do Seu Amor e de tudo aquilo que Ele nos desafia a fazer. Foi ainda acentuando que o nosso compromisso, o estudar, o trabalhar por Cristo vai conduzindo a uma transformação n’Ele, e quanto mais transformados estivermos mais vamos trabalhando por Ele, Com base na sua experiência pessoal, aconselhou-nos a irmos perguntando ao longo do dia “Por quem é que eu sirvo? Por quem é que estou a fazer esta atividade?”, pois “muitas vezes é por mim próprio/a.” No seguimento da reflexão, lembrou a passagem do Evangelho segundo a qual “a Luz que recebemos não é para pôr debaixo do alqueire ou da cama”, defendendo que há muito a trabalhar, muita luz a espalhar, porque todo esse conhecimento íntimo de Cristo deve ser levado aos outros. Realçou igualmente que oração e ação estão interligadas, pois nas suas palavras “não se reza, sem trabalhar por Ele, não se trabalha por Ele, sem rezar, não se tem uma vida alimentada nos sacramentos, na eucaristia, que não nos leve à missão, não falamos d’Ele se não nos alimentamos”.
Em jeito de conclusão, registou que este “Sim a Cristo, vivendo d’Ele e trabalhando por Ele” para me transformar NELE” é um caminho ascendente para podermos chegar à experiência de São Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” Por conseguinte, é um caminho que se vai fazendo cada vez mais, na medida em que nos vamos alimentando de Cristo, a quem dizemos Sim, E finalizou recordando-nos que “ Cristo é Alguém que disse Sim a cada um de nós, se entregou a cada um de nós e continua a entregar-se, convidando-nos a comungá-lo para sermos transformados N’Ele”.